Rainha Lira, novo livro do professor e crítico literário Roberto Schwarz, traz em seu enredo o testemunho de um veterano de 1964 sobre nossos últimos anos. Algo semelhante ao que o autor fez em 1977, quando publicou A lata de lixo da história, texto teatral sobre o golpe de 1964.
A escrita da nova peça começou durante o impeachment de Dilma Rousseff, atravessou a eleição de um presidente que tem como bandeira restaurar os anos de chumbo e foi concluída após a temporada na prisão de Luís Inácio Lula da Silva.
“O leitor vai reconhecer pessoas em personagens mas, à maneira das peças de Brecht, aqui elas são figuras dos interesses de classe que se engalfinharam desde as manifestações de rua em 2013”, diz o texto de orelha do livro. Outra referência para a peça é o Rei Lear, de Shakespeare, tragédia do poder em que boas intenções abrem caminho para a própria ruína.
Roberto Schwarz nasceu em 1938, em Viena, na Áustria, e veio para o Brasil aos quatro meses de idade. Em 1960 formou-se em Ciências Sociais pela Universidade de São Paulo, tornando-se mestre em Teoria Literária e Literatura Comparada pela Universidade de Yale, nos EUA, em 1963, e doutor em Estudos Latino-Americanos (Estudos Brasileiros) pela Universidade de Paris III, em 1976.
Foi professor de Teoria Literária e Literatura Comparada na USP entre 1963 e 1968, e professor de Teoria Literária na Universidade Estadual de Campinas entre 1978 e 1992. Publicou, entre outros, A sereia e o desconfiado (1965) e Ao vencedor as batatas (1977), referência no estudo da obra de Machado de Assis.